domingo, 20 de dezembro de 2009

Para quem não acredita em cores eu apresento SAMPA

Como todos sabem minhas inspirações vem de histórias de vida...
de poemas de vida...ou de vida simplesmente
sacar pequenas impressões colhidas por quem eu amo
ficar quietinha vendo 'o disse me disse'...
as escolhas, os ohhssssssss e ahhsssssssssss!
Eu adoro impressões de viagem.
a descrição da chegada, do andar dos cheiros
das cores que os sons faziam,
das texturas das palavras
Ver minha São Paulo é ver uma mulher de muitas faces...
Mergulhar entre as coxas de uma amante sem compromissos
Ver São Paulo é ouvir o silêncio entre a balburdia
Ver a tranquilidade entre passos rápidos
Definir São Paulo sem conhecer é um preconceito que chega a doer
Chegar nela já com os sentimentos pelo avesso...
ahhhh isso é algo que me deixa altamente brava
São Paulo te mostra o que ela é sem máscaras
Ela está ali...
mãos extendidas dizendo 'me ame'
Nela vai encontrar as três da manhã aquele carinho para quem ama
Vai encontrar o tiro
A companhia
A solidão de quem procura
Olhe em volta, olhe a sua volta...
Tudo isso encontrás ao teu rodor...
ao seu lado mas em uma escala muito menor
Se matam em Três Corações tem um peso, coitado...
se Matam na Grande Dama é reflexo da urbanização
e falta de alma da cidade
Que injustiça meu amor
Ver teu nome associado associado a um caos tão somente proposto por homens.
Como chamar de fria uma Dama que acolheu e acolhe a tantos?
Teu tamanho e vontade inspiram medo
Assim como um grande amor,
Como uma mulher voluntariosa que sabe o que deseja
Entre tuas escalas de cinza pulsam milhões de corações em um
Dos seus olhos insones brotam tua história
Em tua veias abertas que cortam a cidade mostras o quanto é incompreendida
Em tuas veias abertas e expostas mostra tua raiva em dias de chuva
E eu aqui, sentada em teus inúmeros parques exercito minha imaginação
Cortando nuvens em busca de um céu  estrelado
Vendo a grama crescer em busca do tempo
Minha Dama... mulher  caos
De palmeiras plantadas no concreto!
De flores que brotam no asfalto e são colhidas para abraçar outro amor
De colorido único...porque o cinza também é uma cor...
Que diz aproximesse...mas com cuidado...
como tudo enquanto...amo deslizar pela tua delicadeza dura...crua...
pelo seu traço delicadamente arrogante
pela tua sutileza que pede decrifra-me
pelo teu olhar que me diz sempre 'eu sou mais que isso'
deixa sempre que te tome pelas mãos e dance
porque sempre te defino silêncio
me olhas da mesma forma que te olho
despertando sempre a curiodade de quem nunca viu outro lugar
Minha Dama tua idéia te ultrapassa
Dama de gestos desapercebidos
Te olho daqui de cima e meus olhos choram ao sentir a quantidade de sonhos que teu 'corpo' acalenta
Em idéias, desejos e possibilidades tua alma te reinventa a cada dia
Quem me olha agora deve estar a dizer:
- Que grande mentirosa tu és!!!!!!! Onde está o transito infernal, a correria, os museus, os monumentos, a fina garoa?
Não meus caros eu não minto... está tudo lá na minha linda Dama...
Está todas as vezes que pegamos um pedacinho dela e colamos como em uma linda colcha de retalhos
Em todas as vezes que a construimos e em todas as vezes que ela nos reconstroi..
Tu pode continuar ai sempre vendo por trás de histórias, invenções, mas se quiserem mesmo saber que ela é...
experimente a a aventura de olhar mais uma vez... de segurar a mão dela como uma criança que deixa de engatinhar e fica de pé pela primeira vez e tenta a vida...
sabendo que é muito fácil amar o óbvio



Um comentário:

Yuri Raskin Pospichil disse...

Bom...como sei e não poderia deixar de saber, esse belo texto é uma resposta à minha visão de São paulo, à MINHA impressão do bem pouco que tive a oportunidade de ver no centro pulsante da cidade. Enfim, não retiro minha visão, pq ela é minha, e das minhas coisas não me desvencilho. Acho que o fato de não amar São Paulo não indica uma tendência a amar o óbvio, na verdade minha Porto Alegre não tem nada do que se espera de uma capital, ou seja, não há nada de óbvio nela. Mas também não nego o bairrismo que existe dentro de cada gaúcho, um orgulho que nasce com nós, não é algo criado, somos um povo com uma identidade muito forte, um povo que sabe de onde veio, como veio e uma boa idéia de para onde vai e como vai. Manter as tradições não é para nós uma forma de se manter no passado, muito pelo contrário, é uma forma de demonstrar respeito aos que construiram com sangue o chão que pisamos. Um povo que chamado de ignorante e selvagem, soube mostrar ao resto do país sua força e sua capacidade. Um povo que por isso ainda sofre as ofensas injustas e infundadas ado resto do país. Ofensas essas gratuitas, afinal nunca fizemos nada para merecê-las. Mas voltando a São Paulo, vejo nas ruas da megalópole um grande emaranhado de histórias confusas. A violência é comum à qualquer capital, isso não é oq me assusta em Sampa, o que realmente me paralisou foi a pressa que a cidade impôe, um crescimento a qualquer custo, um crescimento que atropela quem não consegue acompanhar o ritmo. Não trocaria meu ritmo de vida pelo ritmo de São Paulo, e realmente me ofendi quando algumas grandes empresas paulistas que atuam no meu ramo abriram filiais aqui, chegaram impondo o ritmo de São Paulo para POA, resultado, os clientes aqui não compram aos domingos, não compram nos feriados e nem em suas vésperas. Os trabalhadores daqui amam trabalhar, mas não estão dispostos a colocar o bem-estar em jogo para suprir a ganância dos patrões. Resultado, funcionários estressados, doentes...e quando falo isso, falo com o conhecimento de quem trabalha no ramo comercial e acompanhou essas mudanças.
São Paulo como cidade é surpreendente, variada, como um mundo a parte. Lugares lindos que quero ter a oportunidade de ver com mais tempo, mas com um ritmo que faz mal ao ser humano. Os motivos que não me levam a amar Sampa são os mesmos que não me levam a amar Nova York ou qualquer outra city-monster do mundo.
Não quero ver minha Porto Alegre transformada em São Paulo, pq o ritmo dela é perfeito, como falei no meu tópico, mesclando campo e metrópole, nunca nos deixando estressados demais nem sossegados demais.
Sofri preconceito em São Paulo como tu me falou que sofreu aqui.
Realmente sei que rola, não omito o fato de existir antipatia do meu povo para com paulistas e nordestinos. Não me orgulho disso, mesmo sabendo que isso não partiu de nós, e os motivos são historicos.
Generalização é um erro, tanto que tenho amigos paulistas maravilhosos, amo pessoas desse estado brasileiro...mas tbm sei a visão dos paulistas como um todo em relação ao RS.
Então só oq tenho a dizer é, temos maneiras diferentes de sermos felizes em lugares diferentes.
Te amo Fabí, mesmo sendo uma soteropolitana de alma paulista!! hahaha